Entramos hoje no mês em que se
comemora o Dia dos Namorados. Este Serviço não poderia deixar de assinalar esta
data alertando para algo que, muitas vezes é aceite como fazendo parte de um relacionamento
amoroso, mas que não deve ter cabimento numa relação de amor e confiança,
falamos da Violência no Namoro.
É um ato de
violência, pontual ou contínua, cometida por um dos parceiros (ou por ambos)
numa relação de namoro, com o objetivo de controlar, dominar e ter mais poder
do que a outra pessoa envolvida na relação.
Tipos de violência:
VIOLÊNCIA FÍSICA - Por exemplo, quando o/a teu/tua
namorado/a:
- Te empurra;
- Te agarra ou prende;
- Te atira objetos;
- Te dá
bofetadas, pontapés e/ou murros;
- Ameaça
usar a força física ou a agressão.
VIOLÊNCIA SEXUAL – Por exemplo,
quando o/a teu/tua namorado/a:
- Te obriga a praticar atos sexuais (sexo anal, sexo oral
e/ou vaginal), mesmo quando não queres;
- Te acaricia (ou força carícias), sem que isso seja
desejado.
VIOLÊNCIA VERBAL - Por exemplo,
quando o/a teu/tua namorado/a:
·
Te chama nomes e/ou grita;
- Te humilha, através de críticas e comentários negativos
(ex.: “Não vales nada.”);
- Te intimida e ameaça.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA - acontece
quando o agressor:
- Parte ou estraga os objetos ou roupa da vítima;
- Controla a sua maneira de vestir;
- Controla o que ela faz nos tempos livres e ao longo do
dia;
- Liga-lhe
constantemente ou envia mensagens;
- Ameaça terminar a relação como estratégia de
manipulação.
VIOLÊNCIA SOCIAL - acontece quando o
agressor:
- Humilha, envergonha ou tenta denegrir a imagem da vítima
em público, especialmente junto dos seus familiares e amigos;
- Mexe, sem o seu
consentimento, no teu telemóvel, nas suas contas de correio
eletrónico ou conta do Facebook;
- Proíbe a vítima de conviver com os amigos e/ou família.
A violência no namoro é um padrão
Quando falamos de violência no
namoro, falamos de um padrão que se repete, de uma dinâmica relacional em que
um dos elementos do casal, através da violência, pretende controlar, dominar,
submeter o outro. Inicialmente assume formas de dominação socialmente aceites
que, com o tempo, se vão tornando mais graves, frequentes e destrutivas.
A violência no namoro nem sempre é
óbvia
Existem táticas subtis, formas
mascaradas de exercer poder e controle sobre a outra pessoa. Tão subtis que
podem ser impercetíveis. Por vezes exprimem-se sob a forma de preocupação com o
relacionamento e com o bem-estar do/a parceiro/a e podem ser confundidas com
manifestações de amor.
A violência no namoro é um fenómeno
transversal
Há situações de violência nas
relações de namoro em todos os grupos sociais: as vítimas e as pessoas que
agridem podem ser ricos ou pobres, muito ou pouco escolarizados, habitantes em
zonas rurais ou urbanas, celebridades ou cidadãos/ãs comuns. A violência não é
exclusiva dos/as consumidores/as de drogas ou álcool, nem das pessoas com
doença mental, podendo ou não coincidir com o consumo daquelas substâncias,
podendo ou não estar associada a situações de doença mental.
Violência no namoro e conflito não
são sinónimos
O conflito é normal nas relações
amorosas. Serão raras, ou até mesmo inexistentes, as relações de plena
harmonia. Não devem evitar-se os conflitos a qualquer custo, estes podem ser
construtivos e permitir que as pessoas e a relação cresçam.
Pelo contrário, a violência é sempre
negativa e destrutiva. É uma forma inaceitável de resolver conflitos.
PORQUE SE
MANTÉM UMA RELAÇÃO DE NAMORO VIOLENTA?
Porque há um ciclo que aprisiona
O “ciclo da violência” pode ajudar a
explicar o facto de a vítima não tomar a iniciativa de romper a relação. Este
ciclo desenvolve-se em 3 fases:
A fase da acumulação de tensão
caracteriza-se pela expressão de sentimentos negativos, insultos, humilhações e
recriminações. O ambiente cada vez mais tenso leva a vítima a evitar situações
que possam gerar o conflito para minimizar o risco da explosão violenta.
Na explosão violenta
“descarrega-se” a tensão contida. Os comportamentos violentos são de maior
intensidade e gravidade, podendo haver agressões físicas, ameaças, uso de
armas, abusos sexuais, violação, etc.
Na fase da “lua-de-mel” há
como que uma compensação amorosa: a pessoa que agride mostra-se arrependida e
promete que não vai voltar a ser violenta. Há manifestações de afeto, oferta de
presentes, pedidos de desculpa. Nesta fase, renova-se a esperança na mudança e
minimiza-se as agressões sofridas.
Porque se idealiza o amor
Apesar de o “… e viveram felizes para
sempre” só acontecer nos contos de fada, na verdade, alimentamos a convicção de
que o amor é capaz de superar todos os obstáculos. Muitos/as jovens mantêm
relações violentas porque acreditam que “o amor resiste a tudo” e tem o poder
de mudar o carácter da pessoa amada.
Estas conceções idealizadas do amor
levam muitas vezes a vítima a continuar na relação, na esperança de que o seu
“happy end” chegará um dia.
Porque se romantizam os ciúmes
É habitual considerar-se que o ciúme
é uma expressão de amor. Mas quando um/a namorado/a tem um comportamento
violento sempre que alguém se aproxima do seu par, tenta isolá-lo e mantê-lo
afastado de potenciais rivais, impedindo-o, por exemplo, de sair com amigos/as,
não estamos perante expressões de amor, mas sim perante o desrespeito e o
desejo de controle do outro.
Infelizmente, na nossa sociedade, há
ainda uma grande tolerância a “cenas de ciúmes” violentas. Estas são
frequentemente minimizadas ou romantizadas, considerando-se manifestações
normais de descontrole emocional causado pelo ciúme.
COMO SE
SENTE A VÍTIMA?
•
Apesar
de o/a nosso/a namorado/a nos maltratar continuamos a gostar dele/a.
• Não o/a queremos magoar, desiludir,
nem prejudicar.
• Não queremos ficar sozinhos/as ou
temos medo que a relação acabe.
• Temos vergonha de contar o que se
está a passar e de pedir ajuda.
• Temos medo que ninguém acredite em
nós ou que ninguém nos consiga ajudar.
• Temos medo que o/a nosso/a namorado/a
nos faça mal ou faça mal a si próprio/a se contarmos o que está a acontecer.
• Temos esperança que ele/ela mude ou
ele/ela promete que vai mudar.
•
Desculpamos
ou entendemos o comportamento dele/a por causa do ciúme ou pelo facto de gostar
de nós.
O QUE
FAZER?
Se fores vítima de violência no
namoro:
Enquanto não te sentires seguro/a para tomar uma decisão definitiva ou para pedir ajuda, há algumas estratégias que te podem proteger:
•
Opta
por locais públicos e movimentados para estares com o/a teu/tua namorado/a.
Locais isolados podem colocar-te em risco.
• Escolhe atividades em que estejas com
o/a teu/tua namorado/a na presença de outras pessoas (ex.: o teu grupo de
amigos).
• Muda as rotinas (ex.: o teu percurso
para a escola e da escola para casa) e procura estar na companhia de amigos ou
colegas de turma.
• Quando saíres diz a alguém em que
confies onde vais e a que horas regressas.
• Grava contactos telefónicos
importantes no teu telemóvel, para poderes pedir ajuda facilmente caso
precises.
•
Se
sentires que estás em perigo, procura imediatamente alguém ou um sítio mais
seguro (ex.: um sítio onde estejam mais pessoas). Podes também ligar 112. O
profissional que atender a tua chamada enviará para o local onde te encontrares
os meios necessários para te proteger.
•
Conta
a um adulto da tua confiança o que se está a passar. Os adultos só poderão
apoiar-te e proteger-te se souberem o que está a acontecer.
Lembra-te que:
•
A
violência nunca é uma forma de expressar amor ou paixão por outra pessoa.
• Os ciúmes ou a traição não servem de
justificação para qualquer comportamento violento.
• Não és culpado/a pelo que te
aconteceu ou está a acontecer.
• Ninguém tem o direito de ser
violento/a contigo.
• Se testemunhaste algum crime, é
muito importante que o denuncies às autoridades. Se o fizeres, a probabilidade
de a pessoa que o cometeu ser punida e impedida de fazer o mesmo a outras
pessoas é maior.